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Artesanato em Osso e Marfim de Baleia – Scrimshaw

Nº DE ASSEMBLEIA: XVII

ANO DE 2014

Com o fecho do ciclo da baleação há aproximadamente três décadas o marfim e o osso da baleia tornaram-se numa referência dos baleeiros açorianos que utilizaram a matéria-prima para produzirem objetos para fins utilitários e decorativos através da arte do scrimshaw.

Esta manifestação artística está ligada tradicionalmente à atividade da baleação e constitui a mais autêntica e conhecida manifestação da chamada “arte baleeira” que teve as suas origens no século XIX, nas frotas de baleação, inicialmente formadas por marinheiros norte-americanos. É uma arte feita por marinheiros e a eles destinada, embora, com o decorrer dos tempos, os destinatários deste tipo de peças artísticas se tenham diversificado e atingindo um vasto número de pessoas apreciadoras das atividades marítimas e do artesanato ligado ao mar.

A arte de scrimshaw correspondia à ocupação nas horas de ócio a bordo e a uma expressão de saudade da família e da terra do artista. As técnicas mais utilizadas são a incisão ou a gravação, sendo os entalhes pigmentados. Já no século XX, surgiram os motivos incrustados, por vezes em alto-relevo.

Os horizontes marítimos, a faina, os barcos, as rotinas dos pescadores ganharam forma nos dentes e ossos de baleia. Para além da gravura, o marfim e os ossos dos cachalotes foram utilizados para criar peças tridimensionais, tornadas figuras esculpidas, talhando mesmo algumas joias.

O scrimshaw está, assim, intimamente relacionado com a antiga caça da baleia. Os dentes do mamífero eram o troféu de quem capturava o “monstro” que povoava os oceanos.

Existem, na Região Autónoma dos Açores algumas coleções notáveis de scrimshaw, com destaque para a coleção do Museu dos Baleeiros, nas Lajes do Pico, o Museu da Arte de Scrimshaw, no Peter Café Sport, na cidade da Horta, e a do Museu da Ilha, em Santa Cruz das Flores.